O poder da fé na mudança de hábito
Dr. Antonio Maspoli
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. (HEBREUS 11:1). Todas as manhãs o sujeito levanta-se, abre os olhos, escova os dentes e lava o rosto. Faz isso desde criança. Nunca se perguntou porque faz isso. Nem precisa. Fez isso ontem, fez isso hoje pela manhã. E fará o mesmo ritual amanhã quando acordar. Valar um rosto é um hábito. A universidade de Ducke publicou um artigo em 2006 comprovando que 40 5 de todas as ações que as pessoas executam todos os dias não passam de hábitos. Não muito difícil criar um hábito, seja este positivo ou negativo. Difícil mesmo é mudar de hábito. Claro que é muito difícil mudar de hábito, mas é possível Mudar de hábito não é só possível, é poderoso também. Hábitos são formados pela cultura, pela religião, pela linguagem de modo inconsciente ou de maneira consciente. Formado o hábito ele permanecerá do modo como foi construído. Um hábito, consciente ou não forma-se do mesmo modo que um circuito elétrico. Um circuito elétrico que o neurocientista chama de sinapse. Uma sinapse é um espaço de junção especializada no qual ocorre a comunicação entre dois neurônios. É através da sinapse que o potencial de ação (impulso elétrico que leva uma informação) é transmitido. Quando se forma um hábito forma-se uma sinapse(CONSENZA E GUERRA, 2011).
Quando uma sinapse vem acompanhada de uma emoção, a força da sinapse será proporcional a intensidade da emoção. Se a sinapse for repetida sempre ligada a mesma emoção vier a sinapse não apenas se estabelece. A sinapse se estabelece de forma poderosa. Uma vez criado a sinapse ou circuito permanecerá lá. Inicialmente formada no hemisfério cerebral direito, portanto consciente, posteriormente a sinapse passará para o hemisfério cerebral direto e permanecerá inconsciente. A sinapse poderá até ser esquecida, completamente esquecida, mas permanecerá no mesmo lugar, do mesmo modo, viva e ativa no hemisfério cerebral direito e no tempo presente. No hemisfério cerebral direito tudo se encontra registrado no tempo presente. 90 % das suas memórias estão lá, registradas no tempo presente. Você lembra apenas de 10% daquelas que estão conscientes por uma razão óbvia de economia da mente (KOLBe WHISLAW, 2002, p. 152-155). Um hábito forma-se quando uma ação consciente ou inconsciente, repetida ou não, forma uma sinapse. Geralmente a ação é desenvolvida para baixar a ansiedade, ou para fugir da dor, ou mesmo intencionalmente para sentir prazer. Ou apenas por necessidade. No primeiro momento e na primeira vez que ação é executada o sujeito sente-se aliviado ou recompensado por uma descarga de endorfina, serotonina, oxitocina, adrenalina etc. A endorfina é neurotransmissor, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, e é uma substância química utilizada pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso. É uma hormona, uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células, este é o hormônio do bem estar. Melhora o sistema nervoso central, proporcionando a elevação da auto estima, reduzindo sintomas depressivos e de ansiedade, além de manter o controle do apetite. (KOLB e WHISLAW, 1994, p. 152-155). .
A serotonina é um neurotransmissor que atua no cérebro, estabelecendo comunicação entre as células nervosas, podendo também ser encontrada no sistema digestivo e nas plaquetas do sangue. Este hormônio é produzido através de um aminoácido chamado triptofano, que é obtido através dos alimentos. A serotonina é um hormônio que atua regulando o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções intelectuais e por isso, quando este hormônio se encontra numa baixa concentração, pode causar mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou mesmo depressão. (KOLBe WHISLAW, 1994, p. 165-167). . A Ocitocina ou oxitocinona é um hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na p90-hipófise posterior (Neurohipófise) tendo como função: promover as contrações musculares uterinas; reduzir o sangramento durante o parto; estimular a libertação do leite materno; desenvolver apego e empatia entre pessoas; produzir parte do prazer do orgasmo; e modular a sensibilidade ao medo (do desconhecido). A adrenalina, também conhecida como epinefrina, é um hormônio secretado por uma molécula das glândulas supra-renais(KOLBe WHISLAW, 1994, p. 152-155). .
A adrenalina é muito importante para a manutenção da vida. Em condições normais, sua presença no sangue é muito pequena. Porém, nos momentos de excitação (medo, euforia) ou estresse emocional, uma grande quantidade de adrenalina é secretada para atuar sobre determinadas partes do corpo (nervos, músculos, pernas, braços), com o objetivo de prepará-lo para um esforço físico (correr, pular e movimentos que exigem reflexos de forma rápida) (KOLBe WHISLAW, 1994, p. 165-167). Uma sinapse que corresponde a algum hábito movida por uma ou mais dessas substancia é praticamente indestrutível. Daí porque as pessoas perdem tempo, recursos e dinheiro tentando vencer um hábito e muitas vezes a recompensam que recebem é o simples, puro e dolorido sentimento de fracasso. No entanto com um hábito não pode ser apagado, você poderá simplesmente mudar de hábito. Isto é criar um novo hábito para substituir aquele que você precisa mudar. Um novo habito que ofereça novas emoções e quem sabe as mesmas recompensas de endorfina, serotonina, oxitocina e adrenalina, uma ou mais dessas substancias do hábito anterior, porem menos danoso do ponto de vista espiritual, moral e social. O hábito antigo a ser mudado permanecerá lá. Sempre estará lá. O sujeito nunca conseguira muda-lo, comuto poderá substitui-lo. (DUHIGG, 2017, p. 79) .“São os anseios que impulsionam os hábitos. E descobrir como criar um anseio torna mais fácil criar um novo hábito (DUHIGG, 2017, p. 76). Charles Duhigg na obra O Poder do Habito (2017) apresenta com simplicidade precisão a anatomia do habito e fornece a regra de ouro para mudar de hábito.
“Em vez disso, para mudar de hábito, você precisa manter a velha deixa e oferecer a velha recompensa, mas inserir uma nova rotina. Eis a regra: se você usa a mesma deixa, e fornece a mesma recompensa, pode trocar a rotina e alterar o hábito. Quase todo comportamento pode ser transformado se a deixa e recompensa continuarem as mesmas.” (DUHIGG, 2017, p. 79).
Agora acrescente a sua vontade de mudar de hábito e ao novo hábito que pretende criar em lugar daquele, o poder da fé. Sobre a fé como instrumento de resiliência e superação de enfermidades curáveis e incuráveis sugiro a leitura de Harold G. KOENIG, Handbook of Religion and Health(2013). Koenig traz resultados de pesquias realizadas com macro amosrtas com seguidores das grandees religious do mundo, com resultados supreendentes sobre a fé como fator de resiliência, coping e surperação de doenças como o cancer, detnre outras enfermidades graves.
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. (HEBREUS 11:1). Fé é uma vivencia relacional. Não se trata de fé na fé, mas fé em alguém. No caso dos Cristãos, fé em Deus por meio de Jesus Cristo. Cabe registrar que a crença é diferente da fé. A crença é uma manifestação religiosa adquirida pela transmissão da cultura. A fé é uma manifestação espiritual gerada pela graça de Deus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (EFÉIOS 2:1-10). O poder transformador dos Alcoólicos Anônimos é o poder da fé. Charles Duhigg,(2017)”A fé é mais fácil quando acontece dentro de uma comunidade”.(P. 106).
“Era a própria fé que fazia a diferença. Uma vez que as pessoas aprendiam a acreditar em alguma coisa, essa habilidade começava a transbordar para outras partes de suas vidas, até que começavam a acreditar serem capazes de mudar. A fé era o ingrediente que faltava um loop de hábito retrabalhado num compromisso permanente”.(DUHIGG, 2017, p. 102-102)
10.5.1. . Ferramenta para mudança de habito
A ferramenta abaixo vem sendo aplicada com sucesso pelo Dr. Antonio maspoli, no Programa de Life Coaching da Sociedade Brasileira de Psicologia e Coaching.
1. Listar os sete hábitos positivos ou construtivos da sua infância:
1.1. Qual deles você perdeu?
1.2. Qual deles permaneceu?
1.3. Qual deles gostaria de retomar?
2. Listar os sete hábitos negativos ou destrutivos da sua infância:
2.1. Qual deles você perdeu?
2.2. Qual deles permaneceu?
3. Listar os sete hábitos positivos ou construtivos da sua adolescência
3.1. Qual deles você perdeu?
3.2. Qual deles permaneceu?
3.3. Qual deles gostaria de retomar?
4. Listar os sete hábitos negativos ou destrutivos da sua adolescência :
4.1. Qual deles você perdeu?
4.2. Qual deles permaneceu?
5. Listar os sete hábitos positivos ou construtivos sua juventude:
5.1. Qual deles você perdeu?
5.2. Qual deles permaneceu?
5.3. Qual deles gostaria de retomar?
6. Listar os sete hábitos negativos ou destrutivos da sua juventude:
6.1. Qual deles você perdeu?
6.2. Qual deles permaneceu?
7. Listar os sete hábitos positivos ou construtivos atuais
7.1. Qual deles gostaria de manter ?
7.2. Qual deles gostaria de fortalecer?
8. Listar os sete hábitos negativos ou destrutivos atuais:
8.1. Qual deles gostaria de substituir?
8.2. Por qual hábito deseja substituir o hábito anterior?
9. Escreve sete passos para substituir um hábito por outro.